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21 de setembro de 2015

Programação

Aqui está a programação completa!

Para se inscrever em uma das oficinas ou palestras, é só mandar um email para:
inscricoes.feiradesementes@gmail.com

(Para melhor qualidade clique na imagem)

Para mais informações: 
feiradesementes@gmail.com

16 de setembro de 2015

"Alimento é Poder!"

Entrevista com Nina Laranjeira, diretora do Centro UnB Cerrado e integrante do Conselho Deliberativo da Rede Pouso Alto Agroecologia



Por Shaonny Takaiama

Como surgiu a Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros?

A Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros surgiu por uma iniciativa da Cooper Frutos do Paraíso, que realizou pequena feira de sementes e mudas em um evento do Centro UnB Cerrado, em 2011 (Feira de Produtos Sustentáveis da Chapada dos Veadeiros). No ano seguinte, a Cooperativa procurou o Centro UnB Cerrado para realizar novamente a feira e fizemos juntos em 2012 e 2013.



Em 2014, a organização foi ampliada para um coletivo, o GT de Agrotóxicos, Transgênicos e Agroecologia do Conselho Municipal de Defesa de Meio Ambiente de Alto Paraíso de Goiás – COMDEMA -, numa tendência a envolver mais as organizações da sociedade civil, dando maior capilaridade ao evento, e com a intenção de chegar de forma mais eficiente aos agricultores. Já em 2014, a Feira procurou divulgar a recém criada Rede Pouso Alto Agroecologia, que agora em 2015 realiza a quinta versão. Ou seja, a Feira vai se tornando um evento da sociedade para a sociedade.

Qual é a importância da Feira de Sementes para os produtores rurais e para a região da Chapada dos Veadeiros?

Diria que ela é importante sobretudo para a agricultura familiar, pois quando se fala genericamente em produtores rurais, falamos também da agricultura industrial, que não tem tanto interesse nesta Feira. Apesar de que deveria, pois esses agricultores deveriam buscar aí mudas e sementes do Cerrado para recompor suas áreas de preservação permanentes e suas reservas legais, mas infelizmente ainda não fazem isso...



Para a agricultura familiar e comunidades quilombolas da região, a Feira vem trazendo novas perspectivas de autonomia e conexão. Podemos apontar como benefícios a troca de experiências e a conexão entre diferentes comunidades e municípios, o que dá visibilidade à região e a estes agricultores, valorizando seus saberes e fazeres. Além disso, a troca de sementes e todo esse processo de valorização faz com que essas comunidades revalorizem a importância dos recursos genéticos que têm em mãos e passem a conservá-los e a multiplicá-los, o que significa autonomia e independência do sistema cruel de monopólio de sementes.



A produção de alimentos é uma questão estratégica no mundo. A soberania alimentar dos povos é uma ameaça ao poder das grandes multinacionais que tentam dominar o mercado de sementes, na tentativa de dominar a produção de alimentos no mundo. Alimento é poder! Buscamos a segurança alimentar do agricultor e a soberania alimentar da Chapada dos Veadeiros e isso passa pela conservação das sementes e pelo empoderamento do agricultor. 



Outro viés da Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros é a conservação do Cerrado. A produção de mudas e o comércio de mudas e sementes do cerrado são hoje necessidade imediata para que o Bioma seja conservado e nossas águas protegidas. 

Além disso, este comércio é uma importante alternativa na geração de renda para os agricultores da região. Ao mesmo tempo, o espaço de discussão e troca de experiências estabelecido durante a feira possibilita a criação de uma nova consciência entre todos os participantes, e não só dos agricultores. A Feira é, sobretudo, um espaço educador para todos nós. A organização coletiva e o voluntariado envolvido na sua produção fazem com que o processo instalado seja altamente inovador e educativo para todos os participantes. Estamos aprendendo a ser sustentáveis e a conviver em harmonia entre nós e com o ambiente.

É possível estimar quantas famílias de agricultores já foram beneficiadas pela feira?  

É bastante difícil, pois não temos um levantamento sistemático de todos os participantes, sua origem e profissão. Há também os beneficiários indiretos, pois as famílias que participam levam sementes para suas comunidades, compartilham, multiplicam essas sementes e, com elas, a ideia de trocar, manter e multiplicar seus recursos genéticos e a viver do "Cerrado em pé".




Qual foi a média de pessoas que compareceram em cada ano em que a feira foi realizada (2011, 2012, 2013, 2014)? Para este ano, qual será a média estimada de público?

O público vem crescendo ano a ano e estimamos que, da última feira, participaram cerca de 300 a 400 pessoas. Esperamos que este ano o público aumente, pois o evento está ficando conhecido. Recebemos mensagens de diversas regiões do Brasil. Além de agricultores, vale ressaltar a presença de estudantes universitários, como por exemplo, a UEG, UFG e os Institutos Federais de Goiás, além da UnB. Também as instituições públicas da área:  EMATER e EMBRAPA. A Feira vem crescendo e ganhando visibilidade não só na região, mas no estado de Goiás e DF e mesmo no Brasil.



Por que é importante contribuir com o financiamento coletivo na plataforma de doações Kickante?

Porque vamos ganhando autonomia. A Feira precisa existir independentemente dos financiamentos públicos. Fizemos a Feira nos dois primeiros anos basicamente com recursos de projetos da UnB, e no terceiro e quarto com recursos do Ministério do Meio Ambiente. Mas este ano o recursos público acabou e estamos trabalhando com o mínimo. E esse mínimo, esperamos que venha da sociedade. Entendemos que a conservação do Cerrado e do patrimônio genético de nossa agrobiodiversidade deve ser uma bandeira de toda a sociedade.

Para apoiar a Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros e fortalecer o movimento agroecológico, entre e contribua: kickante.com/feiradesementes

4 de setembro de 2015

"A nossa feira tem um papel de resgate cultural"

Entrevista com Satyavan Sat, representante do Instituto Biorregional do Cerrado (IBC) na Rede Pouso Alto Agroecologia e membro da Comissão Organizadora da V Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros



Por Shaonny Takaiama

Como surgiu a Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros?

A Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros surgiu em 2011, dentro de outro evento, era uma pequena iniciativa local, voltada para agricultores, coletores e o pessoal que trabalha com reflorestamento, que complementava a Feira de Produtos Sustentáveis do Cerrado. A primeira edição foi realizada pelo Centro UnB Cerrado. A segunda edição também foi realizada pela universidade e aconteceu junto com outros eventos da UnB, mas já era um evento independente, com horário exclusivo, após a Feira do Produtor Rural, no sábado à tarde. Esta edição contou com a participação das cidades circunvizinhas. 



Em 2013, a Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros ganha corpo e passa a ter mais dois dias. A programação passa a incluir cursos e oficinas. No ano passado, foram 4 dias de feira e o diferencial foi a inclusão de uma agenda cultural, com apresentação de filmes e atividades culturais sobre a temática das sementes e agroecologia.



Foi também nesta edição que aconteceu a primeira reunião de apresentação da Rede Pouso Alto Agroecologia, em que cerca de 50 pessoas estiveram presentes, entre agricultores, associações e lideranças comunitárias dos oito municípios que compõem o Território da Cidadania da Chapada dos Veadeiros.

Qual é a importância da feira para os produtores rurais da região e para a Chapada dos Veadeiros?

É a oportunidade de os agricultores terem acesso a variedades de sementes crioulas difíceis de se encontrar atualmente. Os agricultores perderam o costume de guardar as sementes para os próximos plantios, devido a industrialização das sementes a cada ano, o agricultor se vê obrigado a adquirir novas sementes para plantar.



Então, a nossa feira tem um papel de resgate cultural, resgatar a tradição de se preservar as sementes e a cultura da agricultura verdadeiramente tradicional, hoje conhecida como agricultura familiar. Hoje o que é tradicional é o que se tornou convencional, ou seja, a agricultura empresarial, baseada em  agrotóxicos e adubação mineral, mas na verdade a tradição da agricultura familiar brasileira é a agricultura das sementes da liberdade, as sementes crioulas. 



A partir do momento em que você plantou, colheu e guardou as sementes para o próximo plantio, você se vê livre do sistema de compra e venda das sementes industriais. Isso é uma articulação a nível planetário de aprisionamento da base alimentar da sociedade. Aprisionando a base da produção agrícola (sementes), você aprisiona toda a sociedade. Isto é realmente uma coisa assustadora. Este tipo de agricultura é uma agricultura empresarial. 

Já nós somos aqueles pequenininhos, que se rebelaram, que querem manter o cultivo tradicional de alimentos saudáveis. Muitos agricultores não têm as sementes, hoje, por exemplo, é raríssimo encontrar um milho crioulo, e lá na feira, o agricultor vai encontrar estas sementes. Nós queremos estimular os agricultores a irem à Feira, mesmo que eles não tenham outras sementes para trocar. O agricultor fica deslumbrado com a diversidade de sementes que ele encontra na Feira. 



Lá é possível encontrar sementes de chia, amaranto, cevada de fora do país (Tibet), milho e suas diversas variedades e dimensões que fogem do padrão, como o milho branco, vermelho, preto. Na Feira é possível também encontrar sementes silvestres nativas do Cerrado, diversas espécies de frutos, árvores protegida por Lei, como Aroeira, Jatobá, Mogno e Ipês. Temos também o arroz crioulo dos Kalungas (quilombolas), que cultivam suas sementes há mais de 300 anos, sem agrotóxico e sem mecanização. 



Eu comi um arroz verde super saboroso certa vez, colhido e destacado no pilão. Aí você vê o que é um arroz de verdade e porque ele veio a fazer parte da base alimentar de todos os brasileiros. Outras variedades importantes que os agricultores poderão encontrar na Feira são o feijões, roxo e vermelho, preto, roxinho, sementes de girassol, abóbora, quiabo, as batatas doces, inhame, carás, cara moela (do ar) e araruta, raízes bem raras hoje em dia.

Quantas pessoas participaram da última edição da feira?

Ano passado, nós tivemos 45 expositores de 8 municípios. Também participaram da Feira as instituições, ONGs, organizações públicas, comunidades kalungas, assentados da reforma agrária e outras associações. A irradiação que essa feira possui é bem ampla, pois os agricultores partilham as sementes entre si. A semente crioula percorre caminhos que a gente não imagina, esse é um papel bonito de disseminação da feira.



Por que é importante contribuir com a campanha na Kickante?

Como estamos em um momento de crise no Brasil, não contamos com recurso público para financiar a realização da Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros, diferentemente das outras edições. Este recurso que pretendemos arrecadar através do financiamento coletivo será usado principalmente na parte de Logística, para trazer os agricultores das oito cidades circunvizinhas que participam do evento, além de hospedá-los e alimentá-los. As doações servirão também para retribuir o trabalho voluntário dos envolvidos na organização da Feira. Este ano, nós só contamos com recursos do PPP-Ecos (retirados do PNUD, pelo Instituto Sociedade, População e Natureza-ISPN).

Além do crowdfounding, temos também buscado o apoio das prefeituras e institutos parceiros para a realização da feira.

Para apoiar a Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros e fortalecer o movimento agroecológico,
entre e contribua: kickante.com/feiradesementes

12 de maio de 2015

V FEIRA DE SEMENTES E MUDAS DA CHAPADA DOS VEADEIROS



É com alegria que anunciamos e convidamos a todos para participarem do processo de realização da V Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros de 2015, que será realizada nos dias 25 a 27 de setembro (sexta, sábado e domingo) em Alto Paraíso de Goiás.
A Feira de Sementes e Mudas desde a sua primeira edição em 2011 vem reunindo agricultores familiares, assentados da reforma agrária, pequenos produtores, representantes de comunidades locais, representantes do poder público, ONGs, estudantes e pesquisadores, proporcionando um rico ambiente de intercâmbio de experiências e troca de saberes.
A Feira tem como objetivo fortalecer uma rede de conservação, difusão, troca e comercialização de mudas e sementes, principalmente as crioulas e florestais, além de divulgar as tecnologias e práticas agroecológicas da nossa região. É também um espaço de intercâmbio e formação sobre agroecologia e segurança alimentar.
Esta quinta edição da Feira está sendo organizada pela Rede Pouso Alto Agroecologia através de uma comissão organizadora composta pelas cinco instituições fundadoras da Rede: Ecooideia, UnB Cerrado, IBC, RIV e Cooperfrutos, além da Emater-GO e do COMDEMA de Alto Paraíso de Goiás.
Neste primeiro informativo 2015, a comissão aproveita para solicitar o apoio na divulgação e mobilização de interessados, além de contribuições para a logística. Estamos abertos a contribuições de toda ordem, sobretudo, para a vinda de participantes, intermediando negociações junto às prefeituras de seus municípios para o transporte nos dias da Feira.
Esperamos contar com parceiros em cada um dos municípios da Chapada dos Veadeiros, a fim de juntos, realizarmos mais uma edição da Feira.
Desde já contamos com a colaboração e atenção de todos.
Comissão Organizadora                                 
V Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros
Contatos:
Marcos Cruz – (62) 9908-5020/ 3446-1688 (UnB Cerrado)