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16 de dezembro de 2012

Encerramento da feira prevê lançamento da rede de sementes para 2013



A formação de um grupo de trabalho para discutir ações e sugerir propostas a serem consideradas no processo de criação da rede de conservação, difusão e troca de sementes da Chapada dos Veadeiros, fechou com boas perspectivas a programação da II Feira de Sementes e Mudas da região.

Na manhã de domingo, produtores rurais, indígenas Kaiapó, representantes de órgãos públicos, cooperativas e Ongs de agricultura familiar, bem como professores da Universidade de Brasília, conselheiros e a diretora do Centro UnB Cerrado, Nina Laranjeira, além do coordenador do evento, Pedro Guimarães, se reuniram por três horas para pensar em conjunto nos primeiros encaminhamentos do debate, realizado no auditório do Polo da Universidade Aberta de Alto Paraíso de Goiás.

O relato de experiências de sucesso no cenário agroecológico, de resgate de variedades crioulas e fortalecimento de redes por meio da promoção de feiras, encabeçou a dinâmica da atividade. Os convidados André Emilio Jantara, da AS-PTA do Paraná, Lucilene Vanessa Andrade, da Cooperflores, no Vale do Ribeira -SP, e Amilton Munari, de Maquiné -RS, compartilharam desafios e resultados de práticas da agricultura tradicional nos estados em que atuam. Os exemplos trazidos, segundo o coordenador do encontro, orientam a formulação do documento que será encaminhado para os Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Agrário (MDA), a fim de consolidar a proposta que motivou a realização do evento.

Sugestões de mobilização da classe produtora, mapeamento de área, valorização da cultura local, reconhecimento das tecnologias sociais, preservação da agrobiodiversidade, e ainda de vivências educativas, acesso à informação e implantação de um calendário de feiras no Brasil foram compiladas e serão agora apresentadas para as organizações e entidades rurais da Chapada dos Veadeiros. “Nosso próximo passo é sintetizar um documento e levar para o sindicato, para a cooperativa e associação de produtores, e gerar um link com agricultores da região, para que esse processo seja legitimado e validado. Com base nos apontamentos levantados hoje a gente consegue, certamente, extrair um plano de ação claro e positivo para o trabalho em 2013”, concluiu Pedro Guimarães, fazendo referência aos esforços traçados para o ano em que é previsto o lançamento da rede de sementes crioulas na região.


15 de dezembro de 2012

Exposição de banners exibe ações pró Cerrado na II Feira de Sementes e Mudas

Estudantes do Centro UnB Cerrado mostraram resultados de pesquisas e projetos desenvolvidos na Chapada dos Veadeiros em 2012


Como forma de ‘prestar contas’ à comunidade sobre os trabalhos e estudos realizados na região sob orientação de professores da UnB e tutores do Centro UnB Cerrado, os alunos fizeram uma rodada de apresentações na programação paralela à troca de sementes crioulas e florestais que começava na Feira do Produtor Rural de Alto Paraíso de Goiás, na tarde do último sábado, 15.

No auditório do Polo da UAB, o espaço foi aberto para um intercâmbio de ideias que estão sendo aplicadas em comunidades rurais, áreas públicas e de proteção ambiental do município e região, a exemplo das pesquisas desenvolvidas este ano no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros por estudantes de graduação da UnB.

Adolescentes e jovens atendidos pelo Programa de Bolsas de Estudos para o Ensino Básico compartilharam suas ações de intervenção por meio de práticas agroecológicas em escolas, assentamentos e povoados, executadas em 2012 e compiladas em quatro cartilhas, lançadas no evento. Três delas reportam as atividades dos projetos desenvolvidos no Assentamento Sílvio Rodrigues/Cidade da Fraternidade, Povoado do Sertão e Moinho. O caderno sobre utilidades, benefícios e fabricação do sabão de tingui, fruto típico do Cerrado, homenageou Dona Flor, de 74 anos. Conhecedora da medicina natural, é ela quem repassa as experiências relatadas no material.


A exposição dos bolsistas dos cursos de fotografia e desenho, e ainda a apresentação de teatro, com ‘Cenas que canto’, formaram uma atração à parte. Retratos da fauna e flora da Chapada dos Veadeiros ganharam vida na encenação e nos registros artísticos dos estudantes do Centro UnB Cerrado.

“O evento foi muito gratificante pra todos nós. Fechamos com chave de ouro esse ano de trabalho, mostrando os diversos resultados alcançados. Essa foi uma pequena amostra de que a pesquisa e a extensão estão se consolidando no Centro UnB Cerrado e junto à sociedade local e regional”, concluiu a diretora da unidade, Nina Laranjeira.

Feira de Sementes e Mudas é sucesso de realização

O momento mais esperado do dia veio depois de um forte temporal que ’lavou’ o município de Alto Paraíso. Mas o sol reapareceu e a programação da tarde de sábado movimentou, pelo segundo ano consecutivo, a troca de sementes crioulas na região




Ao som de uma boa música e em clima de confraternização, a Feira do Produtor Rural foi palco da prática que tem gerado entre agricultores tradicionais a expectativa de preservação cultural  e dos seus princípios de produção.


A troca de sementes reuniu no último fim de semana, em Alto Paraíso de Goiás, expositores de diferentes regiões do país, que trouxeram na bagagem o resgate histórico de gerações. Amilton Fernando Munari, de Maquiné, no Rio Grande do Sul, trouxe mais de 20 variedades de feijão, milho, batata, girassol e outras espécies. O conhecimento sobre cultivo e estocagem foi herdado do pai e avô. Hoje, o produtor que já virou referência da produção orgânica no país, percorre feiras e encontros de Agroecologia para engrossar o coro contra o agronegócio. ‘É o momento de a gente se encontrar e pensar juntos sobre a nossa soberania alimentar e nutricional. Foi muito importante ver o interesse das pessoas, porque a semente que a gente troca leva com ela a cultura. Ela é a vida e nos faz viver mais perto da natureza, senão a gente fica distante, vivendo em um mundo artificial”, comentou Munari.

Variedades centenárias de milho crioulo produzido pelos calungas da região e outras espécies que retratam a riqueza da agrobiodiversidade brasileira, além de mudas e plantas trazidas por moradores do município, atraíram todas as atenções de quem passou pela feira no sábado à tarde. “Eu fiquei muito satisfeito de ver até crianças trocando de sementes.  Esse valores cooperativos sendo disseminados entre elas, pra mim, foi ótimo de ver”, relatou Julio Itacarambi, expositor e agricultor de Alto Paraíso.

Em uma dinâmica de doação, permuta e comercialização, as amostras movimentaram bancos de sementes de produtores rurais, organizações sociais, instituições de ensino, comunidades tradicionais e o que começa a ser formado com a inserção da feira no calendário de eventos da cidade.

A II Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros, promovida pelo Centro UnB Cerrado, em parceria com a Cooperativa Frutos do Paraíso, representa o amadurecimento da proposta de criação de uma rede de conservação, difusão e intercâmbio de variedades crioulas na região. A discussão, iniciada em 2011, durante a Feira de Produtos Sustentáveis, ganhou força e visibilidade este ano, reunindo um público ainda mais expressivo. Segundo a organização do evento, mais de 300 pessoas, entre convidados e visitantes, compareceram ao evento.


“A ideia da conservação se faz pela ação e consolidação das redes de reciprocidade. O primeiro passo para que as pessoas se conscientizem da importância das plantas no nosso mundo é que elas despertam um sentimento de proximidade com o reino vegetal. Tem um ditado francês que diz: ‘Para ser feliz por um dia, você bebe uma garrafa de vinho. Por um ano, você se casa com uma linda mulher. Para ser feliz por toda uma vida, você se torna um jardineiro’. Na prática, eu sinto que todo mundo hoje, consciente ou inconscientemente, ouve esse chamado e está começando a  perceber a importância disso.  Então o que a gente está realizando aqui é a instrumentalização e a oportunidade para as pessoas darem vazão a esse sentimento e a essa prática”, expôs o coordenador do evento, Pedro de Castro Guimarães.


Feira de Sementes provoca debate sobre criação da rede conservação e difusão da Chapada




Retomar o diálogo iniciado em 2011, sobre a necessidade de articular meios, mobilizar agentes e integrar práticas de resgate da cultura agroecológica, esteve na pauta principal da realização da II Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros, promovida pelo Centro UnB Cerrado, em parceria com a Cooper Frutos do Paraíso, nos dias 15 e 16 de dezembro, em Alto Paraíso de Goiás.


A segunda edição do evento oportunizou o encontro entre saberes tradicionais, conhecimento científico, políticas de incentivo e defesa da agrobiodiversidade, bem como o relato de experiências que têm protagonizado e fortalecido o movimento de resistência à crescente pressão do agronegócio no país.

Sob a perspectiva da soberania e segurança alimentar, a abertura do ciclo de palestras que deu início à programação da feira trouxe a reflexão sobre o papel da sociedade no enfretamento do modelo hegemônico de produção agrícola, em que o uso de agrotóxicos é colocado na condição sine qua non entre as estratégias de faturamento das grandes empresas. “A soberania alimentar só será de fato uma conquista a medida em que a sociedade civil, por meio dos seus diferentes segmentos, e um deles é a constituição das redes de trocas de sementes e saberes,  caminhar segundo o mesmo princípio rumo à efetivação dessa proposta. Portanto é importantíssimo que os sindicatos dos trabalhadores rurais, os quilombolas, os extrativistas, os seringueiros, indígenas, camponeses, se agreguem a esse movimento de resgate e conservação das sementes crioulas, que é a garantia da continuidade da vida”, expôs o professor do Instituto Federal Goiano de Rio Verde, responsável pela abordagem do tema.


Algumas das iniciativas desenvolvidas nos diferentes estados brasileiros, a fim de preservar e legitimar ações de manejo sustentável, foram apresentadas no debate como referências a serem adotadas no ensejo da criação de uma rede que intenciona, entre outros resultados, a independência da classe produtora da região e o desenvolvimento rural sustentável. É o caso do trabalho de ‘Resgate, avaliação, conservação e multiplicação de variedades crioulas’, que intitulou a palestra ministrada pelo representante da AS-PTA do Paraná, Andre Jantara. Ele exibiu dados, métodos e observações sobre práticas bem sucedidas de agricultura familiar no sul do país.

A discussão foi reforçada com a exploração da temática ‘Produção de sementes agroecológicas e autonomia dos agricultores’, a partir de outro exemplo que tem sido atestado em comunidades de Planaltina, no Distrito Federal, onde  experimentos de adubação verde e preservação da agrobiodiversidade, acompanhados de estudos e análises dos indicadores de sustentabilidade do cultivo da lavoura, autenticam ano a ano os moldes da agroecologia para o sistema produtivo. Segundo o professor do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Sustentabilidade - NEPEAS/FUP/UnB, Flávio Costa, da equipe de pesquisadores, o desafio maior é contar com a sensibilização dos agricultores até que surjam os efeitos esperados com a mudança nas práticas de plantio. “No terceiro ano que o produtor começa a ver os primeiros resultados. No entanto, pensar em autonomia supõe antes a manutenção da biodiversidade, porque quando se trabalha com várias espécies, não só de plantas, mas de insetos, fungos e outros inimigos, que eu chamo de amigos do agricultor no combate de ovos, lagartas e outras pragas, vai sendo reconhecida a importância dessa interação no contexto de produção agroecológica’, justificou o professor da UnB .

Sobre as oportunidades e adversidades que permeiam o resgate de variedades agroecológicas no Brasil, falaram representantes dos Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Agrário (MDA). De acordo com o consultor do MDA, Gilles Ferment, o momento requer a organização por parte dos agricultores no sentido de se prevenirem contra os riscos e ameaças causadas pelo plantio de sementes transgênicas, já liberadas no país. “O feijão transgênico, por exemplo, será liberado em pouco tempo, o que certamente dará problema de co-existência, ou seja, de contaminação. Antes de ser lançado no mercado e plantado nas diversas regiões do país é importante levantar a discussão sobre a necessidade e se queremos ou não esse feijão para contaminar variedades crioulas. Além de compor a base alimentar do brasileiro, ele é consumido in natura, o que oferece riscos ainda maiores para a saúde”, exemplificou.

O debate sobre sementes florestais também ganhou espaço na rodada de palestras realizada no auditório do Polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB) de Alto Paraíso. O diretor do Departamento de Florestas do MMA, Fernando Tatagiba, expôs prioridades do órgão em 2013, que apontam para a regulamentação do Código Florestal e a recuperação de áreas degradadas no país. “Para conseguir recuperar milhões de hectares vamos precisar de sementes. Portanto, quem produz vai ter para quem ofertar e vender. O Código traz uma série de artigos que orienta essa demanda por sementes florestais e prevê que o governo federal deverá lançar um programa de incentivo aos pequenos produtores, especialmente”, pontuou Tatagiba.

Ao público presente, formado por estudantes e professores da Universidade de Brasília e do Centro UnB Cerrado, agricultores, representantes de comunidades tradicionais e do poder público, também de entidades de classe, movimentos sociais e demais convidados, Terezinha Dias, da Embrapa, compartilhou a experiência com o apoio na organização de feiras de sementes de povos indígenas. “Esses eventos são sobretudo um método de promoção da conservação local por meio do manejo comunitário. A Embrapa é parceira na estruturação dessas redes, inclusive no que diz respeito ao armazenamento das sementes a baixa temperatura e umidade, com vistas à implantação de um banco ativo de germoplasma”, ressaltou. “Trata-se de um movimento do  campesinato mundial. Eu vejo como um acordar do agricultor tradicional e está relacionado à postura de resgate dos seus direitos enquanto conservadores da agrobiodiversidade. Coisas importantes para a humanidade, elas acontecem ao mesmo tempo em vários locais do planeta”, finalizou.



4 de dezembro de 2012


Nos dias 15 e 16 de dezembro acontece em Alto Paraíso de Goiás a II Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros, promovida pelo Centro UnB Cerrado em parceria com a Cooperativa Frutos do Paraíso. O evento tem como objetivo central a criação de uma rede de conservação, difusão e troca de sementes crioulas na região e será palco de importantes debates e do intercâmbio de experiências entre agricultores locais, representantes do poder público,  de organizações não governamentais, indígenas das tribos Krahô e Kaiapó, bem como professores da Universidade de Brasília (UnB) e comunidade em geral.

Uma série de atividades compõe a programação da feira, que  dá continuidade à discussão iniciada em 2011. Desta vez, com enfoque exclusivo no resgate e utilização das sementes, por meio de palestras, rodas de prosa e formação de grupos de trabalho que possibilitem o aprofundamento e ampliação do conhecimento sobre o uso da agrobiodiversidade de forma a contribuir para o desenvolvimento da agroecologia, da autonomia dos agricultores e para a segurança e soberania alimentar na região.

A exposição, troca e comercialização de sementes e mudas estão previstas para a tarde de sábado, na Feira do Produtor Rural de Alto Paraíso, onde também será realizado o lançamento de cartilhas sobre três comunidades rurais do município (Assentamento Sílvio Rodrigues, Comunidade do Sertão e Povoado do Moinho). O material, fruto de projetos implementados pelo Centro UnB Cerrado em 2011 e 2012, traz o retrato histórico e socioeconômico de cada localidade, selando a conclusão das atividades do ano letivo.  

Encerrar o ano com a promoção da feira é uma oportunidade para o Centro UnB Cerrado dar retorno à população de Alto Paraíso sobre ações executadas em quase dois anos e consolidar a aliança com a Cooperativa, fortalecendo a cadeia produtiva agroecológica da região. A troca de sementes é um momento privilegiado para a constituição de redes de reciprocidade e para a transmissão de conhecimentos. Além disso é parte fundamental no processo de conquista da autonomia produtiva por parte dos agricultores e fator decisivo na garantia da segurança alimentar na Chapada dos Veadeiros.

O convite para a II Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros é aberto a toda comunidade. Para saber mais, confira a programação completa do evento neste blog.