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24 de setembro de 2014

Semeando alegria

A IV Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros começa amanhã!
Além das rodas de prosa, oficinas e visitas à campo, teremos também uma seleção musical de primeira pra animar a troca de sementes.

Olha o que vem por aí:

Forró pé de serra com Conrado Pera e Quarteto Buriti

Conrado Pera faz parte da mais nova geração de compositores/artistas da música popular brasileira. Nascido em São Paulo, há muitos anos reside em Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros. Compositor premiado, já dividiu o palco com grandes nomes da música brasileira, como Lenine, Jair Rodrigues, Otto e Funk Como Le Gusta.

Conrado Pera e Quarteto Buriti vão esquentar a noite de abertura da IV Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros, com o melhor do forró pé de serra, relembrando os grandes mestres do baião! Nesta quinta feira, dia 25 de setembro às 19h30, na Praça do Artesão, ao lado do Centro de Atendimento ao Turista.

Maracatu Leão do Cerrado
Maracatu Leão do Cerrado é um grupo de estudos em percussão e cultura popular brasileira. Surgiu em agosto de 2013 na pesquisa dos Maracatu Nação. Aberto à toda a comunidade de Alto Paraíso de Goiás, o grupo se encontra aos domingos em diferentes espaços da cidade. Tem como objetivo difundir a cultura, força e ancestralidade do tambor na Chapada dos Veadeiros.

DJ Dante Rui e Curadoria Sonora Dancante
Para animar a troca de sementes e mudas no sábado à tarde, Dante Rui na seleta com seu projeto Curadoria Sonora Dançante, um trabalho de pesquisa em sons e ritmos da cultura popular brasileira. No final do dia, cortejo do grupo Maracatu Leão do Cerrado, trazendo o toque ancestral dos tambores afro brasileiros. Dia 27 de setembro a partir das 14h na Feira do Produtor Rural, em Alto Paraíso de Goiás.

23 de setembro de 2014

O futuro pertence àqueles que conservam e multiplicam as sementes crioulas


Quando as famílias de agricultores se visitam, há o costume de levar mudas ou sementes para trocar. A doação ou troca de sementes entre agricultores familiares é uma prática cultural muito antiga, e condição fundamental no melhoramento das espécies ou variedades de plantas. Dessa forma, a humanidade produziu e se alimentou por mais de 10.000 anos.

Porém, em apenas pouco mais de 50 anos, a produção de alimentos sofreu grandes transformações. O modelo industrial agroquímico aplicado no campo por grandes empresas multinacionais negou essas práticas populares de manutenção e melhoramento das espécies, classificando-as como atrasadas. As consequências desse novo modelo de agricultura são muito graves:
  • Redução drástica na base alimentar dos povos: existem mais de 10.000 espécies de plantas comestíveis – os povos primitivos se alimentavam de 1.500 a 3.000 espécies – a agricultura antiga produzia com base em mais de 500 espécies – a agricultura industrial restringiu a base da nossa alimentação a 9 (nove) espécies, que são aquelas que dão mais lucro ao mercado. O trigo, arroz, milho e soja representam 85% do consumo de grãos no mundo. 
  • Crescente deficiência nutricional na alimentação humana: isso é conseqüência direta da redução de diversidade alimentar e também porque essas espécies oferecidas pelo mercado são pobres em muitos minerais e proteínas.
  • Redução da biodiversidade: muitas espécies e variedades já se perderam e as monoculturas vão tomando conta do campo. Há também uma perda da diversidade genética e as plantas vão se tornando cada vez mais susceptíveis a pragas e doenças. A perda da diversidade desequilibra os sistemas – tanto os sistemas naturais como os cultivados.
  • Crescente dependência de grande corporações empresariais: Algumas poucas empresas querem dominar a produção e distribuição de alimentos no mundo. Estamos cada vez mais dependentes dessas empresas para nos alimentarmos e, portanto sujeitos às suas decisões quanto ao que devemos comer e quanto devemos pagar por isso. A ofensiva dos transgênicos é parte dessa estratégia de controle e dominação.

22 de setembro de 2014

Faltam poucos dias!

Aqui na Chapada dos Veadeiros, os agricultores já estão coletando suas sementes para a IV Feira de Sementes e Mudas, que acontece essa semana, dos dias 25 a 28 de setembro, em Alto Paraíso de Goiás.

2014 é o Ano Internacional da Agricultura Familiar, assim declarado pela ONU em reconhecimento à contribuição da agricultura familiar para a segurança alimentar e para a erradicação da pobreza no mundo; além disso, a Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros integra a programação internacional do Mês de Ação Global em Defesa das Sementes Livres, Soberania Alimentar e Democracia da Terra, que vai dos dias 20 de setembro a 20 de outubro. Nesse período, movimentos e organizações do mundo inteiro estarão se manifestando para reafirmar o compromisso com uma agricultura mais justa e sustentável, de liberdade para as sementes crioulas, nativas e tradicionais.

Hoje, a perda de variedades locais e tradicionais de sementes, e o consequente declínio da diversidade genética, representa uma ameaça real para agricultura e a soberania alimentar no campo. Esse processo é conhecido como erosão genética, e será o tema da primeira roda de prosa da Feira, no dia 25 à tarde: “Onde Estão Nossas Sementes? Erosão Genética, Tecnologias e Poder”. À noite, um forrózinho com Conrado Pera e Quarteto Buriti, para celebrar a chegada da primavera e a abertura da quarta edição da Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros.

A programação inclui também as oficinas “Sementes Silvestres do Cerrado”, “Extrativismo e Valorização da Sabedoria Tradicional para a Autonomia Alimentar”, e “Gestão de Bancos Comunitários de Sementes Crioulas”, no dia 26 pela manhã. Na parte da tarde, 4 opções de visitas a campo para conhecer experiências locais de agrofloresta e produção agroecológica, viveiros de mudas, extrativismo e plantas medicinais; e uma vivência de reflorestamento com plantio direto de sementes nativas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

11 de setembro de 2014

Todo dia é dia de Cerrado

Dia 11 de setembro comemora-se o Dia Nacional do Cerrado. Com mais de 200 milhões de hectares, representando 1/4 do território brasileiro, o Cerrado é a savana mais rica em biodiversidade do mundo. Berço das águas do Brasil, o Cerrado abriga as nascentes dos principais rios do país, entre eles o São Francisco, Paraná e Araguaia. Só ele alimenta três enormes aquíferos subterrâneos, 6 das 8 grandes bacias hidrográficas brasileiras, e todo o pantanal.

Cachoeira Santa Bárbara, em Cavalcante



Devido à elevada biodiversidade, aos altos níveis de endemismo (espécies de plantas e animais que só são encontradas ali, e em nenhum outro lugar do mundo), e ao avançado estágio de desmatamento, o Cerrado é considerado um hotspot. Hotspots são ecossistemas que possuem alto endemismo de espécies (mais do que 0,5% da diversidade mundial de plantas – ou mais de 1500 espécies exclusivas) e que se encontram seriamente ameaçados, com mais de 70% da cobertura vegetal original descaracterizada devido às atividades humanas. Existem 34 hotspots em todo o planeta. Apesar de serem áreas prioritárias para a conservação mundial, isso não significa que recebam a merecida atenção - como é o caso do Cerrado no Brasil.

Apesar de sua peculiaridade, o Cerrado enfrenta fortes pressões humanas que põem seu futuro em risco. O desmatamento é alarmante, chegando a 1,5% ao ano, ou seja, três milhões de hectares/ano, conforme as estimativas mais conservadoras. Isso equivale a 2,6 campos de futebol desmatados a cada minuto. Como se não bastasse, o Cerrado é um dos biomas brasileiros menos protegidos - apenas 4,1% do bioma está dentro de unidades de conservação. Desse total, 2,2% de proteção integral e 1,9% de uso sustentável. Enquanto o Brasil e o mundo estão em alerta contra o desmatamento na Mata Atlântica e na Amazônia, o Cerrado já é o bioma mais ameaçado do país.

10 de setembro de 2014

Inscrições abertas!

Já estão abertas as inscrições para as Oficinas e Visitas a Campo da IV Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros. Basta enviar um email para inscricoes.feiradesementes@gmail.com indicando as atividades que gostaria de participar.

Veja abaixo alguns dos painéis criados na Oficina de Sementes Silvestres do Cerrado, no ano passado durante a III Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros.

Painel com sementes de guatambu, olho de cabra, sucupira (pterodon sp), saboneteira e flores de tibouchina sp.

Painel com sementes de baru, olho de cabra (ormosia sp), guatambu (aspidosperma macrocarpum), copaíba (copaifera langsdorffii), saboneteira (sapindus saponaria), tamboril (enterolobium contortisiliquum)

Painel com sementes olho de cabra, tingui (magonia pubescens), copaiba, pau-terra, pequi (cariocar brasiliensis)

Veja aqui a programação completa da Feira e faça já sua inscrição!

5 de setembro de 2014

Mes de Ação Global pelas Sementes Livres, Soberania Alimentar e Democracia da Terra



"Nossas sementes são sementes de resistência. Vamos plantá-las juntos". 

- Vandana Shiva



A iniciativa da Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros é parte de um movimento global em defesa da liberdade das sementes. Acesse o nosso evento no Calendário da Aliança Global de Sementes Livres: http://seedfreedom.in/events/iv-feira-de-sementes-e-mudas-da-chapada-dos-veadeiros/

Convidamos você a se juntar a nós, e a outras tantas pessoas e comunidades em todo o mundo, dos dias 20 de setembro a 20 de outubro, para reafirmar nosso compromisso com as Sementes Livres, a Soberania Alimentar e a Democracia da Terra. Neste momento de crise global, enquanto o planeta enfrenta um colapso econômico e ecológico, urge a necessidade de imaginar e construir alternativas aos atuais modelos econômicos e agrícolas dominantes.

A Chamada à Ação em Defesa das Semente Livres, da Soberania Alimentar e da Democracia da Terra é um evento mundial que fortalece o movimento e contribui para transformar essas alternativas necessárias em realidade.

Vamos nos unir para retomar as nossas sementes e o nosso alimento como bens comuns, e proteger a soberania das nossas terras e da nossa herança cultural!

Como participar?

Você pode começar agora, espalhando a notícia e planejando suas próprias ações locais e eventos - seja criativo! Organize trocas de sementes, feiras de sementes e alimentos orgânicos, mutirões em hortas ou quintais, palestras, oficinas, debates, projeções de filmes...

Adicione o seu evento ao Calendário de Sementes Livres em seedfreedom.in.
Para eventos e ações perto de você acesse: http://seedfreedom.in/events/

Mensagem da Vandana Shiva

A cada ano que passa a crise do nosso planeta torna-se mais clara; estamos diante de um colapso social, econômico e ecológico nos quatro cantos da terra. A agricultura industrial degradou a nossa terra, destruiu a nossa biodiversidade e destituiu agricultores de sua cultura e seus meios de vida. Ao privatizar e patentear a semente, a velha economia criou uma crise ecológica e um desastre econômico. É imperativo que recuperemos as sementes, nossa terra, e nossa herança cultural como bens comuns. A cada ano que passa a necessidade de uma ação coletiva torna-se mais urgente, enquanto as soluções para essas crises tornam-se mais evidentes. Junte-se a nós enquanto nos comprometemos a defender a liberdade das sementes.

Principais Dias de Ação

Em 23 de setembro, o Secretário-Geral das Nações Unidas convocou a Cúpula do Clima, em Nova York. Os movimentos vão começar a se reunir por lá no dia 21 de setembro, para levar a mensagem de que a liberdade das sementes e agricultura orgânica oferecem as soluções mais eficazes para a questão das mudanças climáticas, tanto através da redução de emissões quanto pelo fortalecimento da resiliência. Ao salvaguardar nossas sementes, estamos salvando as sementes da resiliência ao clima, sementes que a natureza e os agricultores vêm desenvolvendo ao longo de séculos, e que a indústria da biotecnologia só quer piratear emitindo patentes. Apoie este movimento iniciando um Jardim de Esperança, onde quer que seja. Pequenos passos dados juntos por milhões de pessoas podem resolver grandes problemas.

No dia 29 de setembro, comemore o Dia Nacional do Milho com o povo do México, onde os movimentos sociais intensificam sua resistência contra o governo e o poder corporativo para proteger o mais sagrado dos muitos presentes dos povos indígenas do México para o mundo.

Ao salvaguardar nossas sementes, estamos salvando as sementes da nossa diversidade cultural. Comemore este dia celebrando as sementes e alimentos especiais que representam sua própria identidade cultural.

02 de outubro é o aniversário de nascimento de Gandhi, que nos deixou o legado de "Swaraj" – a liberdade de auto organização e "Satyagraha" - a força da verdade. Neste dia significativo comemoramos a "Semente Satyagraha" em todo o mundo, renovando nosso compromisso de desobediência civil contra as injustas leis de sementes.

13 de outubro é o Dia de Colombo, que muitos povos indígenas têm declarado como o Dia dos Povos Indígenas. Neste dia vamos honrar nossas sementes, pois são inseparáveis do planeta, da terra e do solo, que são a base para uma nova economia viva. Junte-se aos vários movimentos que estão protegendo nosso planeta, e semeie sementes de esperança para criar novas economias como co-criadores e co-produtores com a terra.

16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação. Deixe o mundo saber que a Liberdade das Sementes é a base da Liberdade do Alimento e da Soberania Alimentar. Deixe o mundo saber que a agroecologia é uma ciência holística da agricultura, muito mais sofisticada do que a biotecnologia. Declare que os direitos dos agricultores de guardar e trocar sementes, e os direitos dos cidadãos de saber e escolher o que comem, são os princípios fundamentais da democracia alimentar.

Manifeste sua solidariedade aos cidadãos de Vermont, nos Estados Unidos, que estão sendo ameaçadas pela Monsanto depois que o estado conseguiu aprovar uma lei que exige a rotulação de produtos transgênicos.

Comemore com 99% dos agricultores livres de transgênicos do mundo: 18 milhões de agricultores cultivam transgênicos em 27 países do mundo - este número representa menos de 1% da população agrícola mundial. Três cultivares GM (geneticamente modificados) são encontrados em seis países (92% dos cultivos transgênicos) e esses países cultivam principalmente apenas quatro cultivares transgênicos: soja, milho, canola e algodão. Vamos celebrar que 88% das terras aráveis permanece livre de transgênicos.

Vamos marcar nossas vitórias passadas; já vencemos leis injustas de sementes que teriam criminalizado nossa biodiversidade e a liberdade das nossas sementes, e continuaremos vigilantes. A crueldade da máquina de marketeiros implantada para atacar os cientistas e ativistas que defendem a integridade das sementes, dos alimentos e da ciência é a prova de que a indústria da biotecnologia reconhece que suas tecnologias não conseguiram manter nenhuma de suas promessas. Tudo o que a indústria da biotecnologia tem hoje é RP, como evidenciado em nosso relatório "O Imperador transgênico não tem roupas": http://www.navdanya.org/attachments/Latest_Publications9.pdf

Há muito a comemorar. Mas muito mais a se fazer.
Nossas sementes são sementes de resistência; vamos plantá-las juntos.

Junte-se a nós no mês de Ação em Defesa das Sementes Livres, Soberania Alimentar e Democracia da Terra (os Direitos da Mãe Terra).

Vandana Shiva